sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Conquista do Mundo


Pensando sobre carreira, profissões, áreas de formação, vocação, eis que, denovo, me cerco de possibilidades e, mais uma vez, me deparo com a inexoravelmente eterna dúvida da minha vida: o que fazer?

Cogito um milhão de coisas e não me decido por nenhuma delas.
Antes, meu sentimento me reduziria a nada, mas agora, já não me atormento mais com isso. Hoje eu me sinto realizada sendo quem eu sou, apesar de não ter mergulhado no mercado de trabalho, de não ter construído uma carreira de sucesso, de não ser, digamos assim, a mulher do século 21.

As maravilhas modernas não são grandes atrativos pra mim. Não sou original, não sigo tendências, não me permito consumir com extravagância, não tenho necessidade de vestir o que está na moda, de dar ordens a alguém, de parecer importante ... Compro quando necessário, visto o que gosto, faço quando dá vontade.
As vezes me sinto deslocada no tempo - sou velha, velhíssima aliás, para quem está ainda, na casa dos vinte.

No tempo em que Amélia é que era mulher de verdade, eu ainda não tinha nascido. Foram tantas conquistas feministas de lá para cá que, só de pensar, eu fico enfadada. Agora, elas mandam e podem mandar em tudo. São maioria nas universidades, conquistam postos importantes nas empresas em que trabalham, são eleitas em suas cidades, estados e até países.

Parece louco mas, mesmo depois de tudo isso, eu acho que quando as mulheres, ou pelo menos a maioria delas, ficava em casa, cuidava da família, cozinhava com amor, costurava as calças do marido, ou seja, se dedicava ao lar, fosse por prazer ou por obrigação, o mundo era mais tragável, mais harmonioso.

Veja bem, não tenho absolutamente nada contra todo o processo histórico ou cultural pelo qual passamos. Não tenho nada contra a luta de algumas mulheres para conquistar seu espaço ao sol; nada contra àquelas que marcharam nas ruas, que gritaram seus direitos, que esculhambaram o sexo oposto, ou queimaram suas roupas íntimas. Nada, absolutamente nada, contra aquelas que resolveram abraçar sua carreira (por prazer ou obrigação), afinal, muitas hoje precisam mesmo trabalhar para manter a casa (De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, a proporção de famílias chefiadas por mulheres passou de 24,9%, em 1997, para 33%, em 2007, o que representa um total de 19,5 milhões de famílias brasileiras que identificam a mulher como principal responsável).
Nada contra, pelo contrário. Tenho uma profunda admiração por algumas mulheres que, admitamos, exercem suas funções muito, mas muito bem. São capazes, inteligentes, dedicadas, trabalhadoras e lindas.

A questão é: quando as mulheres ficavam em casa, e se dedicavam exclusivamente a sua família, elas podiam dar mais atenção aos filhos, participando na formação do caratér deles, corrigindo-os quando necessário, educando-os com amor e disciplina. Os afazeres domésticos eram, e são, apenas o complemento da atividade, afinal, por atenção, a si e aos que amamos, mantemos a casa limpa, para o bem estar de todos. O lar deve ser 'o doce lar', onde a família se diverte, descansa e divide maravilhosos momentos de suas vidas.

Como hoje as coisas mudaram, e as mulheres saíram de suas casas, deixando a educação dos filhos para a babá, a vovó, ou qualquer outra pessoa que não ela mesma (até mesmo a TV), vemos uma leva de criancinhas rebeldes, mal-educadas, desordeiras e mimadas. Tem gente que diz "No meu tempo, só precisava um olhar do meu pai para eu fazer xixi na calça de medo". Na verdade a palavra deveria ser respeito, e o olhar do pai, tanto quanto o da mãe (e no meu caso eu me pelava era de medo dela mesmo), em qualquer ocasião, era só uma extensão da educação dada em casa. Não dá pra chamar a atenção do filho fora de casa, se, dentro dela, os pais não têm nenhum controle sobre ele.

Mas aí, surge uma solução: A supernanny!
Bahhh, a supernanny eu queria na minha casa, antes mesmo que meus filhos virassem os monstrinhos que vemos no programa dela, e que, sinceramente, até arrancam de nós, ou adiam para um futuro muito distante, a vontade de ter filhos.
Aí você pode dizer que tem exemplos de pessoas que não trabalham fora para cuidar do filho(a) e mesmo assim, a criança é uma praga. Tá, eu acredito. Eu já vi inúmeros casos, no próprio programa do qual falei. Esses, eu não considero, por que, francamente, permitir um filho cuspir na sua cara, sendo que ele tem 3 anos, e nenhuma disciplina, é melhor sair para trabalhar mesmo e encontrar alguém que possa educá-lo, antes que ele cresça e desconte suas revoltas na sociedade.

Ficar em casa não atende às expectativas de, praticamente, 98% das mulheres. Não atende às expectativas de muitos homens também! Eles querem ver suas parceiras conquistando espaços e dando passos rumo ao sucesso. Minhas palavras soam antiquadas para muitos e tudo bem, eu entendo. Sou uma exceção. Eu mesma já achei o modelo "Amélia" a coisa mais ultrapassada e chinfrim, já pensei em trabalhar fora inúmeras vezes, e quero fazê-lo, assim que descobrir uma vocação. Uma coisa é certa - ao ter um filho, gostaria que seus primeiros anos de vida fossem minha carreira exclusiva.

Não estou querendo dizer: Isto é certo ou Isto é errado. Quem sou eu ... Existem pessoas que trabalham fora, em tempo integral e conseguem conciliar o exercício da profissão com a criação dos filhos, tornando-os homens e mulheres valorosos. Existem sim, pessoas de bem, esforçadas e totalmente focadas em fazer suas vidas darem certo, seja no âmbito profissional, seja no pessoal, oferecendo aos filhos boas oportunidades e dedicando-lhes tempo, não em quantidade mas, em qualidade. Que bom, que ainda existem pessoas assim mas, na minha opinião, são poucas, o desafio é enorme!

Eu vi uma mulher dizer uma vez que era dona de casa, tomava conta dos filhos e das atividades do lar. Por 14 anos ela foi isso.

Eu vejo diferente. Se meu marido sai para trabalhar, se ele alcança seus objetivos profissionais, se ele se sente realizado em sua carreira e tem tempo para se dedicar às suas conquistas, lutando por todas àquelas a que ainda aspira, eu tenho participação em tudo isso. Se ele me disser que vai conquistar o mundo inteiro, eu acredito nele. Seus sonhos, são meus também, suas realizações, nossas, os frutos do seu esforço são colhidos a quatro mãos.
E assim, todos os dias, ao sair de casa, ele sai para conquistar, e o faz sabendo que, ao voltar, me encontrará aqui, com um largo sorriso, esperando por ele.

p.s.: Imagem tirada de http://sixuntilme.com/blog2/food/