segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A companhia mais agradável que eu posso imaginar


É difícil entender o porquê de gostarmos de alguém.
Eu posso tentar achar razões para isso, mas nenhuma delas vai traduzir o sentimento de maneira racional ou compreensível.
Sentimento de mãe, por exemplo, por pior que o filho seja, por mais errado que ele esteja e por mais triste que tenha sido a dor que ele causou, lá está ela, ao lado dele, não apoiando seus pecados, mas o amando, "apesar de".
Tem gente que entra na nossa vida por acaso, e se torna tão importante. Gente cuja presença, já é suficiente para desviar o pensamento do pouco sentido que você encontra para seguir adiante nos dias mais difíceis, nos dias em que "recomeçar" é palavra morta e tudo o que você deseja é ver o amanhã se fazer hoje. O sorriso te faz sorrir, o olhar te faz descansar. Vocês nem precisam trocar palavras, na verdade, não precisam de mais nada, além de estarem juntos.

É, tem pessoas assim ... cuja falta é quase insuportável e, a presença constante, não provoca qualquer cansaço por excesso de repetição. A companhia é a mais agradável que você possa imaginar e ficar perto é bom para fazer de tudo, mesmo quando vocês estão perto para fazer absolutamente nada.


p.s.: Foto do post encontrada em: http://paula-travelho.blogs.sapo.pt/44453.html

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

"Você nunca vê os dias ruins em um álbum de fotografias, mas são esses os dias que o levam de uma fotografia feliz até a próxima."


Formar uma família é o ideal de muita gente, ainda nos nossos dias. Por mais que as pessoas tentem (discaradamente) passar uma imagem de que a vida é excelente quando se está solteiro (e claro, todos sabemos que tem mesmo um lado bom nisso) todo mundo deseja, a uma certa altura de sua vida, ter alguém para amar, para se sentir amado e para dividir experiências, alegrias, tristezas, segredos e escova de dentes.

Toda menina sonha em se casar. E quando ela diz que não, está mentindo. As mulheres mais evoluídas (essas que dizem que não precisam de casamento, nem de homem nenhum para serem felizes) podem até ter encontrado realização em outras áreas de suas vidas e, portanto, acreditam não precisar de mais nada. Eu tenho amigas assim, que dizem que não querem e nem precisam casar, mas todas as vezes que vêem um casalzinho passeando de mãos dadas, ou uma família se divertindo pelas razões mais bobas, ficam lá, babando e fingindo que aquilo não se compara à liberdade que têm por não ter que dar satisfação de onde, quando, com quem e nem porquê estão saindo.

Uma vez uma amiga compartilhou comigo que uma amiga dela, que era casada, ficava altamente triste todas as vezes em que o 'Clube da Luluzinha' se reunia para algum programa e as amigas solteiras começavam a comentar as peripécias acontecidas na noitada anterior, quando haviam saído para a 'balada'. A mulher ficava se lamentando que não podia acompanhá-las por ser casada, que as outras iam se divertir enquanto ela ficava em casa com o marido.
Eu não sei o que se passa na cabeça dessa criança, nem o porquê de ter inventado de casar se ainda precisava badalar. Não quero me aprofundar em questões de crises conjugais, nem julgar a moça. Minha única expliação para isso é que ela deve ser infeliz no casamento, ou, simplesmente, anda assistindo muita novela e se iludindo que "pegar um, pegar geral" é mais divertido do que pegar um só.

- Nossa! (eu disse)
- Pois é, tá vendo aí? Pra quê é que eu vou me enrolar com alguém? Melhor é ficar sozinha e sair com alguém uma vez ou outra. (Minha amiga falou)
- É tão triste (meu pensamento se materializou)
- É ... (ela respondeu)
- Eu não acho que quando casamos com a pessoa certa seja assim não ... (falei indignada mesmo não sendo casada naquela época)

Alguns anos depois cá estou eu. Casada e convicta de que as maiores baladas acontecem mesmo é em casa, dentro do quarto, no aconchego dos braços do meu amor. A rotina do dia-a-dia dá uma esfriada no relacionamento, isso é verdade, mas, em hipótese alguma eu trocaria o que temos hoje por uma balada, uma badalada ou uma bala na balada (que convenhamos, pode acontecer com qualquer um nesse País desmoralizado em que vivemos).

Nossos valores são mesmo distorcidos e, a medida que o tempo passa, parece que tudo o que aprendemos vai deixando de ser importante. Amar a família, reunir a família, valorizar os laços, aprender a renunciar, amar incondicionalmente. Uma saída pra encher a cara, um beijo de um desconhecido ... quanta futilidade. As pessoas parecem que não se tocam de que os melhores momentos de um relacionamento são ligados por outros não tão bons. A vida da gente é assim mesmo, cheia de altos e baixos. Isso me fez lembrar de um diálogo que acontece no Filme "Just Married"(Recém-Casados), uma comédia americana muito legalzinha. Acontece que o casal, logo após o casamento, passa por um turbilhão de péssimos acontecimentos durante a lua-de-mel, o que os leva a duvidar da escolha que fizeram e faz com que se separem assim, de cara.

A moça volta para casa dos pais (que parecem adorar, já que não gostavam muito do marido que ela havia escolhido).
O rapaz, ainda abalado pela separação vai conversar com o pai dele e eis o que acontece:


- Vai me dizer o que está pensando? (Pergunta o pai)

- Eu não sei se amor é o suficiente. (O rapaz responde)

- O que quer dizer,"suficiente"? (Pai)

- Quero dizer... mesmo se nós nos amássemos, talvez nós precisássemos de mais tempo para nos conhecermos. (Filho)

- Então o que está dizendo é que vocês tiveram uns dias ruins na Europa e... acabou? Hora de crescer,Tommy. Alguns dias sua mãe e eu nos amamos. Outros, tivemos que trabalhar isso. Você nunca vê os dias ruins em um álbum de fotografias, mas são esses os dias que o levam de uma fotografia feliz até a próxima. Sinto muito que sua lua de mel foi horrível, mas é com o que você tem que lidar. Agora você deve passar por isso. Sarah não precisa de um cara com a carteira cheia para fazê-la feliz. Eu vi como você ama essa menina. Como vocês se completam. Ela não precisa de mais segurança. (Pai)

- Obrigado. Pai. (Filho)

- Acabou? (Pai)

- Não mesmo!(Filho)

E assim, ele vai atrás dela e ... Bom! Não quero estragar pra quem não viu o filme ainda. Mas pra quem já viu e quer relembrar esse é o link que mostra o finalzinho:
http://br.youtube.com/watch?v=unHfQ1iJFVM

A qualidade não é muito boa, mas o conteúdo é, no mínimo, emocionante.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

InDEPENDENTE

Quando eu era criança, lá em Barbacena, e sonhava com o futuro, nem de longe eu imaginei me tornar uma dona de casa. Amante da natureza, eu poderia ter estudado biologia. Apaixonada por animais, deveria ter me formado em medicina veterinária.

Quando via TV, os comerciais da Barbie me fascinavam, principalmente, quando associavam a boneca a alguma profissão. Linda, elegante, bem-sucedida e independente, a Barbie Veterinária era tudo o que eu desejava me tornar, nos próximos anos de minha vida.

Em pensamento tratei de cachorros e cavalos. Nossa! Eu era uma profissional exemplar, e bonita, diga-se de passagem! Sempre bem vestida com um macacão desbotado, os cabelos mal presos, uma mochila amarela (e encardida) não muito cheia de aparatos diversos e um fiel escudeiro ao meu lado - um belo dog alemão malhado, de postura impecável, inteligente que só ele e premiado, incontáveis vezes, nos campeonatos dos quais participamos.
Nem imaginava onde estaria morando àquela altura da minha vida. Minha sensação de liberdade ao lado daquele cachorro era tão grande, que sempre estávamos indo e vindo, socorrendo um filhotinho aqui, desenterrando uma vaca ali, correndo num campo verde e infindável, vendo o pôr-do-sol. Éramos ocupados e felizes.

Não consigo me lembrar em que época, ao certo, eu desisti desse sonho. Não de todas as partes dele por que, um dia, eu ainda vou ter um Dog Alemão malhado. Sabemos que o passar dos anos, as mudanças de perspectivas e os ditames da sociedade influenciam nossas escolhas mas, o fato de eu ter privado o reino animal de minhas afáveis mãos deve-se, exclusivamente, a minha letargia, à minha falta de coragem de encarar a vida e o mundo, da minha completa dependência.

Como um animal sentimental que se apega facilmente, fui me apegando aos acontecimentos e não às possibilidades. Desatenta as oportunidades, fui trilhando o caminho que se materializava diante dos meus pés e, posso afirmar, trilhei muito bem. Tive idéias, mudei os planos, tive planos, mudei de idéia. Renato Russo denominou isso de Sereníssima, eu de perdidíssima.

Longe de ser a Barbie dos comerciais, a bela veterinária de macacão, a profissional destemida do mundo atual, a mulher independente dos meus sonhos, sou apenas uma Dona de casa. Não posso me queixar da vida que tenho, aliás, eu até posso, mas não devo. Me sinto feliz assim e sei que as possibilidades não deixaram de existir, talvez eu é que precise mudar (Talvez?). Enquanto isso, melhor é ir seguindo assim mesmo "com um sorriso bobo, parecido com soluço , enquanto o caos segue em frente com toda a calma do mundo."





O Dog dos sonhos
(foto de http://www.ilhadogerere.com.br)