domingo, 30 de janeiro de 2011

Desapego


Pare para pensar por alguns minutos naquilo que realmente importa para você.
Reflita por alguns segundos, não tenho pressa.

Parou?
Pensou?

Não me responda, não é preciso.
Eu sei exatamente em quê, ou melhor, em quem você pensou: No marido, namorado, filho, nos seus pais, na sua família.
Pensou em pessoas. Pessoas que você ama e que sempre fizeram toda diferença na sua vida. Pessoas sem as quais a vida não vale à pena.
Pode ser que, sei lá, tenha passado por sua cabeça um objeto qualquer, ou algo que você levou muito tempo para conquistar, como um bom emprego, a casa própria, o título de um clube, o carro dos sonhos. Pode ser ... mas eu acho muito improvável.

Sendo assim, por que é que temos tanta dificuldade em nos desapegar de coisas?

Sejam elas de grande valor, de médio ou pequeno?
É uma questão cultural? É natural? 
É porque elas nos dão algum conforto, seja ele qual for? Ou será que é por que "precisamos" delas para impressionar alguém?

Infelizmente nossa cultura está, visivelmente, permeada desse mal - TER COISAS.
Em nosso país, pessoas morrem por que carregam coisas que outras pessoas não possuem. Já pensou nisso? Morrer por causa de um calçado? Por um carro? Será que essas coisas valem mesmo o preço que querem que paguemos por elas?

Lembro-me de uma matéria da Revista ÉPOCA, cujo título era "Ele merecia ser roubado?", que tratava sobre um desabafo escrito por Luciano Huck após sofrer um assalto (Roubaram seu rolex de R$ 50 mil).
Muitas pessoas o criticaram por fazer tamanho estardalhaço. Alguém disse que sua atitude foi "patética",  outro que "saiu no lucro" pois manteve a própria vida, afinal "Como alguém pode usar no braço algo que dá para comprar várias casas na sua quebrada?" 
Houve também comentários a favor do apresentador, que por ser cidadão como qualquer outro, tinha, naquele momento,  todo o direito de reclamar: “Qualquer pessoa tem direito a denunciar uma injustiça de que foi vítima. Só porque ele é rico, não tem direito a nada?"

No desabafo, Luciano questiona sobre a eficiência da polícia, questiona o poder público, fala que ama São Paulo, que paga seus impostos. Segundo ele sua revolta não é pelo fato de ter perdido um Rolex, mas por ser um cidadão que contribui para o País, alguém que "dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo". 

Na época do ocorrido não quis tomar partido. Não me sinto no direito de criticar essa ou aquela opinião, mas acho que nossa sociedade precisa ter em mente que a vida de uma pessoa vale muito mais do que um relógio, um tênis, um cordão.  Não conheço Luciano Huck, mas creio que no momento daquele assalto ele pensou: Esse relógio não vale tudo isso.  Minha vida sim, meus filhos sim, minha esposa sim, mas esse relógio, tsc tsc, é só um relógio.

Vamos tentar nos desapegar das coisas, e passar isso adiante.
Precisamos de conscientização acerca do valor da vida. 
Eu sou importante, você é importante.
Nossas vidas valem muito mais do que as coisas que carregamos.

"Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio. Isso não está certo." (LUCIANO HUCK em 01/10/2007 após ser vítima de um assalto em SP)


Para ler o desabafo:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u336144.shtml
Para ler a matéria da ÉPOCA:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI13225-15228,00-ELE+MERECIA+SER+ROUBADO.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Aqui vou escrever pouquinho pois já fiz um testamento no post anterior, mas concordo com vc, há oisas muito mais valiosas que bens materiais, entretanto acho que todos nós realmente nos apegamos muito as coisas...e praticar o desapego é muito importante, antes eu achava que o importante era ter as coisas, seja um novo celular, ou a roupa de um modelo da moda ( não preisava ser de marca pois graças a Deus nunca tive dessas manias... bastava ser do modelo da moda...)mas isso qdo mais nova, entretanto amadureci mesmo depois que me casei...hoje percebo que vale tanto ter menos, pra que ter dois jogos de jantar? Se basta um prato e um garfo para se comer? Hoje pratico muito o desapego pois percebi que preciso de bem menos para viver, e que para ser feliz não importa o que vc tem e sim o que vc é e com quem vc é!!!
Bjocas